Contação de História Contada por José Robson

Origens Históricas e Sociais da Contação de História

Para responder o que é contação de história, Binho, fundador da Cia Artepalco, responde que:

A Contação de História é o caminho que construí até o coração das crianças e adultos, a fim de revelar um mundo de experiências e sensações através das palavras.

Eram pelas narrativas, mitos, genealogias e canções que as comunidades transmitiam seus valores, leis e a própria identidade coletiva de uma geração a outra.

contação de história

O que hoje chamamos de “Contação de Histórias“, é a prática que, não apenas preservava o passado, mas também fortalece os laços sociais e a coesão do pertencimento a um grupo social.

A tradição oral funciona como o principal veículo de formação e cultura anterior à escrita, hoje se configurando como um bem imaterial do ser humano, principalmente em comunidades ancestrais e originárias.

O significado de “Contação de História”

O termo “Contação de Histórias” é uma expressão amplamente popular no Brasil, comumente utilizada para designar tanto o ato de narrar histórias quanto o evento ou sessão em que isso ocorre. Funcionalmente, sua origem  se assemelha ao termo castelhano “cuentacuentos” (que pode significar o ato ou o contador). Em comunidades mais tradicionais, as pessoas que guardam o conhecimento de um povo são chamadas de “contadores de histórias” ou “Contadores de Causos”.

Na língua inglesa, o termo padrão para o profissional é “storyteller”. No Reino Unido, para aqueles que se focam na tradição folclórica, é comum a designação “Traditional Storytellers”. A prática em si é chamada de Storytelling, designando a arte, a técnica, ou a performance dramática. O termo “Storytelling Session” é usado de forma similar à “contação de história” no português do Brasil, referindo-se ao evento. Já “Telling a Story” é a descrição da ação, o ato de contar a história.

Essa narrativa pode ser de improviso ou planejada, usando diversos recursos ou apenas a oralidade, para múltiplos públicos e aplicações. No Brasil, o termo Storytelling (em inglês) é amplamente usado, inclusive para marketing e negócios, revelando a vivência ou experiência da empresa ou profissional.

Seja um evento de contação para crianças, ou adultos, em escolas, espaços culturais ou familiares, a narração de histórias tem sido uma forma de resgate de histórias tradicionais e populares, tanto regionais quanto universais.

A Contação de História no Brasil

No contexto brasileiro, observamos uma distinção de uso entre os termos “Narração de Histórias” e “Contação de História”. Enquanto a “Narração” designa o ato mais amplo e genérico de transmitir uma história por meio da oralidade, a “Contação de História” se estabeleceu como a denominação popular, especialmente para eventos públicos, shows e espetáculos com caráter performático.

Nas escolas, embora os educadores possam usar ambos os termos, a “Contação” geralmente sugere uma performance com mais ferramentas pedagógicas, com a utilização de elementos de apoio (como objetos, músicas e fantoches, músicas, adereços). Isso a diferencia da narração mais intimista, focada apenas na oralidade do texto.

É fundamental ressaltar que essa prática moderna se apoia em uma tradição oral profundamente enraizada na cultura nacional. Luís da Câmara Cascudo, o maior folclorista brasileiro, destaca o papel crucial da técnica e do estilo do narrador ao afirmar:

“Para findar as fórmulas são várias e raro será o narrador que as esqueça. Pode aparecer mesmo um retoque pessoal sugestivo. É o requinte da técnica o saber ‘fechar bem’ uma estória.”

Luís da Câmara Cascudo, Literatura Oral no Brasil

Dessa forma, a “Contação de Histórias” tornou-se a convenção para shows e espetáculos teatrais, com objetivos que podem ser educacionais, artísticos, comerciais ou profissionais. O que define essa modalidade é o uso de um roteiro teatralizado e envolvente, que transforma o simples ato de contar em uma experiência performática para o público.

Distinção: Contação de Histórias e Teatro Convencional

É fundamental distinguir a Contação de História do Teatro Convencional ou dos espetáculos de grande porte, mesmo que ambos compartilhem a encenação.

A Contação, mesmo sendo performática, mantém a oralidade e a figura do narrador no centro da experiência. Em contraste, certas produções buscam reproduzir as tramas literalmente fiéis ao original, investindo em um espetáculo de grande produção com foco no impacto cênico. Tais espetáculos exigem:

  • Grandes Recursos Técnicos: Sonoplastia ao vivo (orquestras, músicos), cenografia complexa e iluminação rica em efeitos.

  • Infraestrutura Cênica: Grandes espaços cênicos, coxias, rotundas e equipamentos de palco que não se realizam em qualquer local.

  • Equipes Numerosas: Um grande número de profissionais envolvidos na concepção e execução.

Essas montagens, destinadas a espaços maiores e com mais recursos (teatros, centros culturais, e convenções), inserem-se na categoria de Teatro Infantil de Repertório ou Musical. A dramaturga Maria Clara Machado, ao elevar o padrão do teatro infantil, resumia o propósito dessas produções com a máxima:

“O teatro para crianças deve ser igual ao teatro para adultos, só que melhor.”

Maria Clara Machado (máxima atribuída)

Portanto, ao priorizarem a encenação e a fidelidade literal ao texto em detrimento da centralidade da palavra falada e da figura do narrador, essas montagens saem do escopo da Contação, que é definida pela sua mobilidade, simplicidade e foco na arte de narrar.

PALAVRA DO FUNDADOR DA CIA ARTEPALCO

Tenho desenvolvido meu próprio método de espetáculos de contação de história desde que comecei a atuar no teatro. A partir de 1987, quando cursava o magistério, construí meus próprios roteiros e contos e utilizo técnicas teatrais para encená-las.

Em 1995 apresentei meu método para cerca de 300 pessoas, vindas de várias regiões brasileiras, no Teatro Municipal de Mogi das Cruzes – SP, uma das primeiras aulas performáticas realizadas no Brasil sobre o tema.

Desde então, nunca deixei de atuar e me aperfeiçoar na arte da tradição oral dramatizada.

A arte de contar histórias vai muito além de entreter — é um ato de memória, afeto e cultura.
Na Cia Artepalco, transformamos cada narrativa em uma experiência viva, onde o público aprende, se emociona e descobre novas formas de se conectar com o mundo através da narração oral teatralizada.

Regiões de Atendimento: Sudeste (SP, MG, RJ, ES), Sul (PR, SC e RS), Nordeste (Al, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE)