A “Contação de História” é uma expressão relativamente recente, livremente traduzida e adaptada de países de língua castelhana “cuentacuentos que pode significar tanto o ato de se contar histórias, quanto o próprio contador. Já na língua inglesa, temos o termo “Storytelling“, similar a contação de histórias infantil. Termo que sugere o ato, ou capacidade de se narrar um fato, ou história. Essa narrativa pode ser de improviso, ou planejadamente, usando diversos tipos de recursos, ou apenas a oralidade. Seja em escolas, espaços culturais ou familiares, a contação de histórias infantil tem sido uma forma de resgate de histórias tradicionais e populares, tanto regionais, quanto universais.
No Brasil, por exemplo, o termo é usualmente empregado para a Contação de História na educação infantil, em eventos públicos, shows e espetáculos, com produção e apresentação performática de um artista popular, ou ator, seja na área educacional, comercial, ou profissional, usando ferramentas como objetos, musicas e fantoches, ou simplesmente da oralidade.
A Importância da Contação de Histórias
Autores relevantes brasileiros concordam que a contação de histórias é uma arte que permite a transmissão de conhecimento e valores de geração em geração. Segundo a escritora Ana Maria Machado, “a contação de histórias é uma maneira fundamental de manter viva a nossa tradição oral”.
Aqui estou contando uma história com mine fantoche para bebês em uma escola pública de São Paulo. E aproveito para deixar uma proposta para educadores experimentarem com seus pituchos: Dicas para contar história para bebês.
Atualmente, a contação de histórias tem se mostrado cada vez mais importante para o desenvolvimento infantil. Como destaca a psicóloga e escritora Lígia Fascioni, “a contação de histórias é uma atividade que estimula a imaginação e a criatividade das crianças, além de ser uma oportunidade para a interação social”. Essa interação verbal entre o contador e quem ouve é essencial para o desenvolvimento das habilidades linguísticas das crianças.
As histórias contadas despertam emoções e sensações nas crianças, o que contribui para o desenvolvimento da sua inteligência emocional. A escritora Ruth Rocha destaca que “a contação de histórias ajuda a criança a identificar seus sentimentos e a lidar com eles de forma mais saudável”.
Além disso, a contação de histórias é uma atividade que pode ser apreciada por todas as idades. Nos adultos, a contação de histórias pode evocar sensações e memórias afetivas, trazendo um resgate ou uma superação de ideias e conflitos psicológicos, espirituais ou emocionais. Como afirma o escritor Rubem Alves, “a contação de histórias é uma forma de cura, de reencontro consigo mesmo e com o outro”.
Dessa forma, fica evidente que a contação de histórias é uma atividade fundamental para a preservação da cultura e para o desenvolvimento humano em todas as idades. Como afirma a escritora Marina Colasanti, “a contação de histórias é um modo de dar sentido ao mundo, de contar a nossa história e de ouvir a história dos outros”.
O uso da contação de histórias em diferentes áreas
A contação de histórias também pode ser utilizada como uma ferramenta para ajudar as crianças a desenvolver a empatia, ou seja, a capacidade de compreender e se colocar no lugar do outro. Isso ocorre porque as histórias muitas vezes apresentam personagens com diferentes perspectivas e emoções, e as crianças podem aprender a se identificar com esses personagens e entender suas motivações. Diversos autores citam a contação de histórias como forma de se lidar com diversas temáticas sociais, educacionais, culturais e terapêuticas, entre outros campos.
Além da educação infantil, a contação de histórias entra em outros contextos, como o empresarial, por exemplo, para transmitir valores e ensinamentos aos funcionários por meio de narrativas inspiradoras. No contexto terapêutico, as histórias ajudam pessoas a lidar com problemas emocionais ou psicológicos. Na área social, a contação de histórias as histórias é um instrumento de motivação e para sensibilizar as pessoas sobre questões sociais relevantes e promover a reflexão e mudança de comportamento. Já no contexto artístico, ela é vista como uma forma de arte, em que o narrador utiliza técnicas teatrais e expressivas para cativar e emocionar a audiência.
Objetivo de contação de história
Na contação de histórias, o narrador utiliza diferentes técnicas, recursos e linguagens, como a entonação de voz, gestos, expressões corporais e faciais, além de objetos cênicos, para criar uma experiência envolvente e cativante para sua audiência. O objetivo da contação de história é transportar o ouvinte para o mundo imaginário da história, fazendo com que ele se identifique com os personagens, sinta suas emoções e compreenda a mensagem central da narrativa.
Aqui estão alguns exemplos de como a contação de histórias pode ser usada com diferentes objetivos em áreas distintas:
Educação infantil:
- Desenvolvimento da imaginação e criatividade
- Estímulo à linguagem e comunicação
- Desenvolvimento da empatia e compreensão das perspectivas dos outros
Valoriza-se muito a contação de histórias na educação infantil, pois ela ajuda as crianças a desenvolver habilidades importantes. Estimulando a imaginação e a criatividade, a contação de histórias exige que as crianças visualizem na mente o mundo imaginário que o narrador está descrevendo. Ademais, as histórias são ricas em vocabulário e apresentam situações diversas, contribuindo para o desenvolvimento da comunicação e da linguagem infantil. Mais abaixo, deixarei vários links com informações importantes de como contar histórias na educação infantil.
Autores relevantes brasileiros destacam que as histórias também podem ajudar as crianças a desenvolver a empatia, compreendendo e se colocando no lugar do outro. Segundo a escritora Ruth Rocha, “a contação de histórias é um modo de ampliar o mundo interior das crianças, mostrando outras realidades e ajudando a desenvolver a empatia”.
As histórias frequentemente apresentam personagens com diferentes perspectivas e emoções, e as crianças podem aprender a se identificar com esses personagens e entender suas motivações. Para a psicóloga e escritora Lígia Fascioni, “a contação de histórias ajuda as crianças a perceber que as pessoas têm sentimentos diferentes dos seus, e isso é fundamental para o desenvolvimento da empatia”.
Dessa forma, a contação de histórias é uma prática valiosa para a educação infantil, pois além de desenvolver habilidades importantes, ela também contribui para o desenvolvimento emocional e social das crianças. Como afirma o escritor Rubem Alves, “a contação de histórias é uma arte de ensinar sem ensinar, é um modo de transformar a aprendizagem em encantamento”.
Empresarial:
- Transmissão de valores e ensinamentos aos funcionários
- Motivação e inspiração dos colaboradores
- Promoção da resiliência e liderança através de narrativas inspiradoras
As empresas têm utilizado amplamente a contação de histórias no contexto empresarial com o objetivo de transmitir valores e ensinamentos aos funcionários através de narrativas inspiradoras. Além disso, as histórias as empresas usam histórias para motivar e inspirar os colaboradores, promovendo a resiliência e liderança por meio das narrativas que mostram superações e aprendizados valiosos. Ademais, por meio de histórias bem contadas, é possível engajar os colaboradores e inspirá-los a conquistar objetivos difíceis e superar desafios. Assim, usamos a contação de histórias como uma ferramenta para criar um senso de comunidade dentro da empresa, ajudando os funcionários a se sentirem mais conectados uns com os outros e com a missão da organização. Portanto, a utilização de histórias como uma técnica de comunicação empresarial pode trazer muitos benefícios para a organização e seus colaboradores.
Terapêutico:
- Auxílio no tratamento de problemas emocionais e psicológicos
- Promoção do autoconhecimento e reflexão sobre os próprios sentimentos
- Desenvolvimento da capacidade de lidar com conflitos e adversidades
No contexto terapêutico, a contação de histórias tem se mostrado uma ferramenta valiosa para auxiliar no tratamento de problemas emocionais e psicológicos. Além disso, os profissionais da área utilizam a contação de histórias como um meio para promover o autoconhecimento e a reflexão sobre os próprios sentimentos dos pacientes, objetivos estes que são de grande importância para o processo terapêutico. Por outro lado, a contação de histórias é um meio de expressão pelos pacientes que têm dificuldade em compartilhar suas emoções verbalmente.
Além disso, as histórias são usadas para ajudar no desenvolvimento da capacidade de lidar com conflitos emocionais e adversidades, mostrando que é possível superar desafios. Ademais, através de histórias bem escolhidas e contadas, os terapeutas podem apoiar o processo terapêutico ao criar um senso de identificação e compreensão entre o paciente e o narrador, facilitando a empatia e a conexão entre ambos. Portanto, a contação de histórias é uma técnica terapêutica muito eficaz que pode ser usada por profissionais da área para ajudar pessoas de todas as idades a lidar melhor com seus próprios sentimentos e emoções.
Social:
- Sensibilização e conscientização sobre questões sociais relevantes
- Promoção da coletividade e solidariedade
- Estímulo ao diálogo e à reflexão para a mudança social
Valorizamos a contação de histórias como uma ferramenta para sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre questões sociais relevantes. Além disso, buscamos promover a coletividade e solidariedade, estimulando diálogo e reflexão sobre tais questões. É importante ressaltar que a mudança social é um objetivo crucial do contador de histórias, que escolhe enredos que promovam comportamentos e atitudes positivas em relação a direitos humanos, igualdade de gênero, sustentabilidade e justiça social. Como destacou o escritor Monteiro Lobato, “as histórias têm força, têm magia, têm vida”. Assim, a contação de histórias pode ser uma ferramenta valiosa para promover mudanças sociais positivas e estimular a reflexão crítica sobre problemas relevantes à nossa sociedade.
Artístico:
- Utilização de técnicas teatrais e expressivas na narração de histórias
- Criação de experiências únicas e envolventes para o público
- Promoção da apreciação e valorização da arte da contação de histórias.
A contação de histórias tem sido vista como uma forma de arte, onde o narrador utiliza técnicas teatrais e expressivas para cativar e emocionar o público. Através da contação de histórias, é possível criar experiências únicas e envolventes para o público, transportando-o para mundos imaginários fascinantes. A arte da contação de histórias também é uma forma de promoção da apreciação e valorização da arte como um meio de expressão e comunicação.
Principais técnicas usadas na contação de histórias
Sempre me perguntam como contar uma histórias infantis, ou dicas para manter a atenção durante a contação de história. Na verdade, o ato de narrar história vem com a prática e experimentação e já estou a vários anos contando história para crianças. Mesmo assim, há técnicas e ações valiosas para quem está começando que, sem dúvida, ajudará muito.
Segue abaixo uma lista das principais técnicas utilizadas na contação de histórias, com um pequeno resumo sobre cada uma:
- Entonação de voz – a forma como se fala a histórias pode influenciar as emoções do ouvinte e cativar sua atenção.
- Gestos e expressões faciais – os gestos e as expressões faciais ajudam a criar um ambiente emocional adequado para a história.
- Enquadramento – o enquadramento da história em um contexto ou ambientação ajuda a transmitir a mensagem da história e a criar uma experiência mais imersiva.
- Personificação – ao dar vida aos personagens da história, é possível criar identificação do ouvinte com os mesmos.
- Interatividade – permitir que o ouvinte participe da história através de perguntas ou escolhas aumenta o envolvimento dele na história.
- Uso de objetos cênicos – objetos utilizados durante a narração podem ampliar a visão sensorial do ouvinte, tornando a história ainda mais realista.
- Variação de ritmo – usamos a variação de ritmo para enfatizar partes importantes da história ou para mudar o clima emocional.
- Recursos musicais – um recurso que temos a disposição é a música ou cantigas, elas ajudam a mudar o ritmo emocional e para ilustrar momentos importantes da história.
- Sequência – o uso da sequência correta para contar a história pode ajudar a manter a fluidez da narrativa e cativar a atenção do ouvinte.
- Animação verbal – essa técnica consiste em utilizar expressões verbais diferentes, tais como onomatopeias, para ilustrar a história.
Algumas ferramentas para auxiliar a contação de histórias
- Fantoche – o uso de fantoches pode tornar a experiência da contação de histórias mais interativa e divertida para o público infantil. Os fantoches podem ser manipulados pelo narrador para dar vida aos personagens da história e estimular a imaginação das crianças.
- Livros ilustrados – os livros ilustrados são uma ferramenta valiosa para a contação de histórias, pois eles ajudam a visualizar as cenas da história e criam uma experiência mais imersiva para o leitor.
- Objetos cênicos – podemos usar objetos cênicos, como adereços ou figurinos, transformando o espaço da contação de histórias e criar um ambiente mais realista para a história.
- Palavras rimadas – quando usamos palavras rimadas na história ajuda muito na memorização e na interatividade entre o narrador e o público.
- Música – a música pode ser utilizada para criar uma atmosfera emocional adequada para a história, além de ajudar a manter a atenção do público.
- Contação compartilhada – a contação compartilhada é uma técnica em que o narrador pede para o público participar da narrativa, tornando-a interativa, já que adicionando suas próprias ideias ou sugestões à história.
- Teatro de sombras – o teatro de sombras consiste em utilizar uma fonte de luz e silhuetas para criar um ambiente visualmente rico para a narrativa.
- Animação – animações podem ser utilizadas como uma ferramenta poderosa para contar histórias em ambientes digitais, permitindo a criação de mundos imaginários visualmente impressionantes.
05 passos – Como Contar História Infantil
A Preparação de uma sessão de contação de história na educação infantil, ou evento aberto, é de essencial importância para o sucesso da apresentação. Podemos realizá-las de inúmeras formas, de acordo com as técnicas, espaços, plateia e objetivos, abaixo, uma sugestão geral e ampla para os incitantes nessa arte de contar e ouvir histórias. Assim, as oito dicas abaixo vão lhe ajudar a escolher como contar histórias na educação infantil de uma forma mais criativa, além de divertida:
Prepare-se para a contação de histórias infantil
Defina a faixa etária principal pra a qual vai contar;
Escolha um tema, ou intenção, e quais os objetivos da contação de história;
Pense quais sensações deseja que as crianças tenham;
Pesquise os “tipos de histórias” e separe mais de uma;
Leia e releia várias vezes como se já estivesse fazendo a contação de histórias;
Separe a história que mais chegou perto do seu objetivo nessa contação;
Treine mais um pouco, fazendo vozes e ritmos diferentes;
Um dia antes, durma pensando na história e visualize as crianças ouvindo.
Prepare o material
Encontre pequenos objetos que possa usar;
- Divida a história em cenas (quadros com começo, meio e fim);
Ensaie cenas separadamente com os objetos;
- Estude se em alguma cena caberia uma música, melodia, som, para ajudar na atmosfera daquela cena;
Pense se pode introduzir em alguma, ou mais cenas, um fantoche, mesmo que por poucos minutos;
- Faça novos ensaios em frente a um espelho, introduzindo os novos elementos de forma gradativa;
Tenha um local exclusivo para acomodar e levar tudo o que vai precisar;
Reveja todo o material antes de sair para a contação de histórias.
Arrume o espaço da contação de histórias
Chegue mais cedo do que o horário agendado para o evento.
Faça uma checagem do espaço que vai usar;
Mude o que for necessário para o seu e o conforte das crianças;
Observe se o local onde as crianças vão se sentar está limpo e com boa visão;
Evite ficar em situação de contra luz e atrás de pilastras para parte da platéia;
Organização da contação de histórias
Disponha o material que vai usar;
Defina quais materiais ficam a vista e quais não;
Tenha certeza que as crianças não tenham acesso ao material da contação de história, se esse não for o objetivo
Teste pegar e guardar as principais ferramentas e objetos que você vai usar após a arrumação e antes de começar a sessão;
Faça sua preparação, relaxamento, aquecimento corporal e vocal. Tenha em mente a importância e benefícios desse momento para as crianças.
Começando uma narração de histórias
Faça uma introdução bem afetiva e atrativa para as crianças;
Mantenha-se, sobretudo, dentro do plano traçado, mas não ignore interações assertivas com a história;
Dê importância e tempo para as reações acontecerem;
Introduza objetos e fantoches de forma bem definida na contação de histórias;
Não esqueça nada em cena que não deveria estar ali em cenas diferentes;
Não revele personagens, nomes e segredos antes da hora, ou faça disso uma brincadeira;
Olhe para as crianças individualmente de vez em quando enquanto conta uma parte da história;
Não tenha medo de errar. Use o erro a seu favor, sempre que acontecer, assim, a contação fica viva;
Divirta-se.
+ 5 dicas de como contar histórias de forma criativa
- Entenda o ouvinte: O primeiro e mais importante passo é entender o seu público. Saber o que ele quer ajudará a criar e narrar uma história convincente. Então, pergunte-se do que seu filho gosta: super-heróis, príncipe e princesas, alienígenas ou figuras históricas?
- Devemos construir a mensagem: A construção de uma mensagem prévia, que dará um norte a história. Ela deverá ser estabelecida, em primeiro lugar, ou entendida pelo narrador antes de iniciar a narrativa. O que as crianças vão entender e fixar da história? Há algo que você queira transmitir, ou então, ensinar especificamente com a história? Respondendo essa pergunta, a fluidez da história acontece..
- Vocabulário criativo: palavras novas, sonoras, de impacto podem ser usadas nas histórias, desde que o significado seja construído durante a narrativa, pelos personagens,ou mesmo pelo próprio narrador.
- Expressão e presença: manter os ouvintes atentos é, em essencialmente uma tarefa do próprio narrador. Manter a concentração, bem como o volume dramático, criar expectativas, suspenses, iradas de emoção, sempre dentro do enredo e dos objetivos definidos da narração.
- Tempo e situação: escolher o momento adequado, ou aproveitá-lo, para cada tipo de histórias, é uma forma de como contar história infantil na hora de dormir, por exemplo, apresentando um assunto novo, ajuda muito na atenção das crianças.
Deixando a contação de histórias mais atrativa
O ato de se contar histórias é tradicionalmente oral, ou seja, contamos através da palavra e da expressão facial e corporal. Entretanto, cada vez mais recursos são adicionados na contação de história. Particularmente, eu acredito no poder da palavra e na interação com as crianças.
Contação de Histórias na Livraria Curitiba Com José Robson e Dani Oliveira
+ 7 Ideias para a Contação de Histórias
Se seu objetivo é experimentar e trabalhar a narrativa de diversas formas, tal como fazer contação de histórias com objetos, ou contar com livros, então vão algumas dicas:
- Experimente técnicas de contação de histórias diferentes para a mesma história;
- Invista num visual para seu contador de histórias, tendo o cuidado de focar na narrativa, e não na extravagância de um figurino, logicamente se não for seu objetivo chamar a atenção mais para si e sua performance do que para a história;
- Um cenário, mesmo que simples, ajuda na concentração da criança no que está a sua frente;
- Invista na sonoridade, toque um instrumento, ou convide alguém para tocar na sua contação de história;
- Faça da contação de histórias um evento com hora marcada, convite, lugares definidos para a plateia;
- Bate papo pós contação de história, por exemplo, ajuda a criança a entender e se aproximar do agente contador de histórias e interesse pela narrativa;
- Experimente coisas novas sempre que possível, sempre com o foco nos objetivos e roteiro da história escolhida.
A Contação de Histórias na oralidade das crianças até três anos de idade
A narração, ou contação de história, é um ato de amor para com a criança. É a doação de tempo, atenção e carinho em forma de palavras.
José Robson Santos
As crianças também são contadoras de histórias. Estão o tempo todo narrando acontecimentos da sua vida, seus medos e descobertas. A aprendizagem infantil, em síntese, passa pelo processo da construção de uma narrativa pela criança sobre seu mundo e as pessoas que estão a sua volta. A seguir, vou abordar a contação de história na educação infantil.
Quando brincam, estão contando como se relacionam socialmente e como sua família se relaciona com elas. A medida que interagem umas com as outras, com os objetos, bem como os adultos, narram histórias,construindo suas vivências e memórias.
A contação para crianças até o primeiro ano de idade
Quando as crianças ainda estão na primeira infância [PIAGET] elas são atentas ouvintes da voz dos pais. E a atenção não é somente auditiva, mas visual. Olham as expressões e movimentação que o seu cuidador lança para ela e também para objetos próximos.
É pela repetição e reforço das sensações e intenções que as crianças vão formando a compreensão das coisas. Por exemplo, quando ficamos mais tempo com determinada criança, e contamos histórias, percebemos que ela gosta de ouvir vez após vez a mesma história. Pode ser cantigas, parlendas, poesia, seja de forma declamada, narrada ou cantada.
Cognitivamente, a criança precisa da repetição para criar ligações neurais e memórias de longo prazo, bem como adquirir uma segurança sensorial. Certamente, também, é a forma de aumentar o repertório sonoro de palavras, pois algumas ainda não possuem significado para elas, porém, criam o enlace entre significantes para estabelecer a linguagem.
A Narração para crianças entre um e dois anos de idade
Já na segundo ano, a atenção passa pela colaboração narrativa. Assim, a criança acrescenta elementos às histórias que lhe são apresentadas, seja um relato de uma atividade, ou mesmo um conto.
A repetição ainda é muito importante, e a criança já indica pequenas modificações que são introduzidas na história, sejam elas proposital, ou não. E cobra elementos que faltam, ou aponta novos elementos. Por exemplo, se a criança ouvir a história do Chapeuzinho Vermelho, e esquecermos que na primeira versão, o lobo tinha pelo marrom, e descrevermos na segunda com pelos amarelos, ela pode, então reagir, interferindo e nos corrigindo. Ou se esquecermos de falar que na cesta havia doces, ela pode acrescentar. Essas interferências são sadias e refletem a internalização das histórias.
Mas ainda, são pequenas interferências que apontam detalhes específicos, e não são diálogos, ou argumentação, pois que elas ainda não dominam a organização cronológica da história. Alguns elementos mais gerais ainda lhes escapam.
Ela pode acrescentar já no final da segunda infância mais elementos, e até mesmo sentimentos e sensações em relação a um personagem, ou situação. Dessa forma, propor que a criança complete o final das frases, ou se lembre dos nomes dos personagens ajuda muito na dinâmica e a manter a concentração, desde que seja feita com parcimônia, sem exageros.
A contação de histórias infantil entrando nos três anos de idade
Adentrando na faixa dos três anos de idade as próprias crianças, de modo geral, começam elas mesmas a narrar pequenas histórias, mesmo que seja sobre seu da a dia, algo que tenham feito, ou estão fazendo.
Diferentemente das crianças até dois anos, que dependem de interlocutores, por exemplo, para construir uma narrativa, as crianças agora são as narradoras. Já sabem o que é uma narrativa, diferenciando de uma conversa direta. Começam a dominar os princípios da narrativa e a desenvolver uma oralidade própria ao contador de história.
É comum crianças dessa idade terem uma “frase repetitiva” para iniciar alguma narrativa de faz de conta, como por exemplo “Olha, agora vai começar”, ou “senta aqui, que você vai ouvir”. E começam a contar história, ou a fazer de conta. Geralmente adquirem por imitação, interiorizam, e usam, com pequenas adaptações, de acordo com a situação e outras experiências.
A Memória do Traço Difuso na Contação de Histórias
A síntese de acontecimentos, nessa fase é muito comum. Uma criança pode contar uma história de algo que aconteceu, juntando nomes e situações como se fossem uma só, por exemplo. Às vezes confundimos com “pequenas mentiras”, ou imaginação fértil, alguma narrativa infantil sem nexo, ou inverossímil. Isso é causado por “falsas memórias” que ganham uma estrutura realista, pois nós guardamos as informações em regiões distintas no cérebro, além do hipotálamo, haja vista que trabalham não somente com acontecimentos, mas com sensações físicas, emocionais e as interferências do intelecto.
Relato de uma experiência sobre o “Traço Difuso”
Quando cursava o magistério, num dos estágios, uma criança de aproximadamente três anos e meio veio me contar que o o Rodrigo estava cheio de couve flor no cabelo e que caiu do cavalo porque as abelhas o perseguiram querendo as flores da sua cabeça. Olhei para a professora da sala e rimos.
É bem comum as crianças se aproximarem de novas pessoas em seu ambiente para contar coisas que lhes ocorreram, ou mesmo que ouviram. Percebemos aí, a necessidade da narrativa.
Nesse caso, a professora, mais tarde, explicou que a mãe do menino vendia hortifrúti na feira, principalmente couve-flor, brócolis e alface, e que era comum carregarem caixotes na “cabeça” até a banca. E que o Rodrigo era alguém da feira que ajudava a descarregar o caminhão. No final da feira, também havia um cavalo que comia os restos das verduras. A abelha era uma citação de uma aula sobre insetos que ela tinha dado semanas antes. Finalmente, a mãe da criança contou que uma vez escorregou em algumas folhas de verduras num dia de chuva e, desta forma “quase” caiu enquanto estava de mãos dadas com o filho.
Então, não se admire que as crianças recontem as histórias que você narra com cenas inusitadas e diferentes.
Muitos escritores usam essa forma de memória do traço difuso para criarem contos bem oníricos e criativos.
A idade que as portas das histórias se abrem
Vemos que as crianças por volta dos três anos guardam na memória acontecimentos, criando lembranças, que nem sempre são fidedignas ao acontecido. Exemplo disso é o acontecimento que narrei acima sobre o ponto difuso. É nesse momento, portanto, que acontece a divisão interna entre o que é passado e o que é presente. Esses lembranças começam a se definir e evocar narrativas, estimulando e dialogando com sua criação mental para desenvolver a linguagem e fortalecer a oralidade.
Assim, é nessa fase que as histórias ganham maior significado e a contação de histórias por um cuidador, com todos os elementos narrativos, é muito importante.
A Contação de História na Educação Infantil
Na atualidade, a contação de histórias na educação infantil é uma das ferramentas com maior potencial de formação das crianças, usada também para difundir o conhecimento didático nas escolas, não sendo, entretanto, sua função principal…. O entretenimento é um dos focos explorados pelos agentes contadores de histórias, usando a atividade tanto para fins culturais, quanto para shows em espaços públicos e educacionais.
Os Educadores vêm na contação de histórias, entretanto, uma ferramenta para estimular o gosto pela leitura. Um recurso paradidático na educação infantil, além de uma afirmação positiva de assuntos e abordagens pedagógicas.
Na propaganda, usamos para dar exemplos de comportamentos desejáveis (pelo patrocinador) para vender produtos. É através de narrativas visuais e, principalmente emotivas que o mercado induz as vendas.
No dia a dia, sempre estamos a volta com o ato narrativo, seja em casa, seja no trabalho, ou em locais públicos. Estamos sempre participando, ou sendo agentes ativos, ou passivos de uma narrativa social. E podemos usar a contação de histórias para dar as crianças uma proteção anímica nas investidas de marketing, fortalecendo a opinião e discernimento através de personagens e situações contadas.
“Sempre me perguntam o que não fazer na contação de história, no que eu respondo -Só tem uma coisa que não se deve fazer: deixar de contar a história.”
Contação de histórias como forma de renda
Com a popularidade da atividade da contação de história, também surgiram diversas pessoas que usam a atividade de profissionalmente, cobrando para animar eventos e festas. Ou como forma de expressão artística em espaços culturais, como bibliotecas, livrarias, auditórios, teatros e praças. Muitas dessas contações de histórias são realizadas tendo como base releituras de histórias tradicionais, livros contemporâneos, ou mesmo histórias autorais, facilitando o acesso às escolas de espetáculos diversos. Outras, ainda, porém, são apenas realizadas como “entretenimento”, sem qualquer pesquisa, reproduzindo animações para distrair as crianças por alguns minutos. Cabe ao educador avaliar os objetivos de cada contação de histórias e alinhar a sua proposta pedagógica, ou momento escolar.
A Contação de Histórias como Profissão
O Contador de histórias profissional,por exemplo, estuda com mais detalhes, escolhendo a técnica mais adequada para cada tipo de história, prevendo um público alvo (faixa etária, classe social) e a oportunidade (festas, aniversários, época do ano, escolas). Assim, narração de história passa a ser, além de uma atividade de cultura popular, ou social, um evento em forma de ‘espetáculo’. Diversas pessoas e grupos se especializam nesse tipo de atuação, fazendo surgir muitas formas de contação de histórias.
Basicamente, cinco fundamentos regem o ato de se contar histórias. O entendimento desses tópicos ajudarão o contador de história a capturar não somente a atenção da criança, mas manter essa atenção por mais tempo. Assim, a palavra passa a criar um vínculo duradouro, sincero e afetivo.
Veja também “Os Benefícios da Contação de História”
As Vertentes da Contação de Histórias
Como diz o ditado popular “Quem conta um conto, aumenta um ponto”. Na contação de histórias é assim que acontece. Existem inúmeras formas de contar, haja vista que existem as peculiaridades regionais e culturais, principalmente num país continental como no caso do Brasil. Assim, temos as vertentes do contador matuto, suas peripécias e dramas do dia a dia ligados a sua comunidade, trabalho e relacionamentos, tanto amorosos, quando fraternos.
Temos também as contações de histórias do homem moderno e sua luta socioeconômica para se manter ativo socialmente. Assim, narra sua luta para manter sua família e suas conquistas. Dessa forma, ganham destaque nas suas histórias. As derrotas são sinais de alerta e exemplo.
Já os contadores de mentira, no entanto, contam “histórias de trancoso”, de dá nó em pingo d’água. São causos de valentia, ou exagero. Quase sempre inventadas pelo personagem narrador para criar assombro, admiração, ou mesmo respeito. Além disso, também pode haver cunho social e político para levar a reflexão. Mais para frente, teremos uma aula que aborda esse tipo de contador de histórias.
Artigos e mais dicas de contação de histórias
A seguir você pode escolher diversos temas de contação de histórias. Cada tema ainda é dividido por subtítulos, o que garante dezenas de artigos e posts relacionados a contação de histórias. Neles você vai conhecer e obter ferramentas importantes de como contar histórias na educação infantil, em eventos culturais e sociais.
- Contação Sensorial: Descubra a Magia de Contar Histórias para Bebês
- Como contar história infantil
- Roteiro para Teatro de Fantoches
- Oito Dicas para se Narrar Histórias
- Leitura de Histórias na Sala de Aula
- O Teatro de Fantoches na Educação Infantil
- Narração para Crianças até seis anos
- Histórias para Dormir e Ninar
- RESUMO DO MÓDULO 03 – Curso de Contação de Histórias
- Contando dramaticamente
- Contando Histórias com Objetos
- Como Contar Histórias com Fantoches
- Contando História com Livro
- A Contação Artística
- Narração Clássica (popular)
- As Técnicas de Contação de Histórias
- Os Estilos de Contos e Histórias
Proposta de atividade contação de histórias
Criamos uma série de propostas de atividades para serem realizadas com contação de histórias chamada “Brincadeiras com Histórias“. São histórias para serem contadas juntamente com brincadeiras tradicionais, com dicas de para a narração, ou construção de roteiros de teatro com fantoches. Espero que sejam muito útil para todos!
Alguns espetáculos da Cia ArtePalco
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Onde fazer um curso de narração
Existem vários lugares e formatos. Conheça alguns: Onde encontrar cursos de contação de histórias?
E para começar a praticar a contação de histórias só é necessário começar, experimentar e diversificar histórias, assim como os temas, espaços e tipo de público. Também existem cursos livres de contação de histórias, alguns online, por exemplo, que são conceituais e teóricos. Para um aprendizado mais intensivo, o ideal seria procurar um curso presencial para obter a prática, com apoio teórico EAD. Por sorte você está fazendo conosco. Parabéns!
Até a próxima aula. Jr Santos Contador de Histórias
O Artigo acima faz parte integral do “Curso de Contação de Histórias” da Cia ArtePalco. Não pode ser reproduzido, copiado, ou utilizado sem prévia autorização.
CURSO RÁPIDO PARA EDUCADORES DE UMA MESMA ESCOLA: Se deseja participar do curso, inscreva-se em aqui.