
Quando ouvimos um bom narrador de história nos distanciamos dos nossos pensamentos e preocupações e mergulhamos por um momento no na história contada. A capacidade de manter a concentração dos ouvintes durante toda a narrativa advém, principalmente, da qualidade de interpretação do ator, sua veia dramática e técnica teatral.
Os contadores de histórias profissionais que despontam do meio teatral são aqueles que em geral, te mais recursos dramáticos para segurar uma plateia somente com a interpretação e narração oral, sem o uso da música, fantoches, objetos e outras ferramentas.
Também os artistas da música, na maioria cantores que dominam um instrumento de cordas, como o violão e violino, e que tem em sua formação a arte popular, obtém grande sucesso na apresentação de histórias cantadas e narradas.
Divido a narrativa dramática em duas categorias, sempre centrada no contador de história e sua atuação:
- O Ator que conta e narra histórias.
- O Cantador contador de histórias.
Apesar de haver inúmeros narradores que usam da musica e do teatro para as suas apresentações, a oralidade e a atuação performática do agente que conta é os princípio da contação de histórias.
A diferença entre os dois será, além da musicalidade, logicamente, a ocupação espacial e expressão corporal que o ator tem em sua livre movimentação, em detrimento dos ponteios musicais, inserções melódicas e marcações, seja através do ritmo, ou através das toadas e cantigas. Porém, em ambos os casos, a narrativa oral será o fio condutor.
O Ator que conta e narra história
No teatro, temos um gênero dramático denominado “monólogo”. É o que mais se aproxima de uma sessão de contação de história realizada por um ator contador de histórias. Todas as falas são narradas pelo ator, que as decora com inflexões previamente estudadas e numa ordem definida, com gestos e movimentação coreografados. Estabelece-se um roteiro, dividido em:
- Interpretação.
- Movimentação.
- Sonoplastia.
- Iluminação.
Na contação em que a narrativa é sustentada pela interpretação dramática, o ator pode roteirizar a história sozinho (chamamos de direção, no teatro), ou buscar auxílio para cada uma das divisões. Quanto mais elaborado o roteiro, dificilmente conseguirá atuar sem um suporte técnico: operador de luz; operador de som; equipe de bastidores, ou de palco.
Em várias conações, o ator é responsável também pela execução dos recursos técnicos, como a sonoplastia e a iluminação, quando estão presentes. Se o narrador não é também músico, irá usar de equipamentos eletrônicos, ou coordenar a entrada da música com um artista da área ao vivo.
Mas nem sempre o ator usará todas as ferramentas que estão a sua disposição no teatro, usando apenas da sua oralidade, muitas vezes, não terá a história completamente decorada, mas dominará o trecho, ou a história, suas ações e diálogos, como nas leituras dramáticas de textos teatrais e de livros. Abaixo, uma leitura com a atriz Denise Fraga:
O inferno dos outros”, de David Grossman Leitura de Denise Fraga
O cantador contador de histórias
As contações realizadas por músicos, principalmente aqueles que cantam, além de tocar um instrumento, também são sustentadas pela atuação artística do músico.
Este usará a música para determinar momentos em que sensações sejam ressaltadas por cantigas, música instrumental, percussiva, ou incidental afim de que a plateia entenda os ações e sentimentos de personagens da história.
Por usar um instrumento musical, mais comumente violão, o narrador fica mais estático, ou usa de pouca evolução no espaço cênico. Sua musicalidade é que dará o ritmo à narrativa. Também usa da roteirização da história, com suas músicas planejadas para cada cena da história, além de algumas vezes usar iluminação e recursos visuais, como projeções.
António Nóbrega – trecho de “A Morte do Touro Mão de Pau”
Roteirizando uma contação
De modo geral, o roteiro de uma história é feito levando em consideração o planejamento dos seguintes tópicos:
- Pré-apresentação – o que acontece durante a chegada da plateia;
- Abertura – como a o evento se inicia (note que ainda não se trata, necessariamente da história em si, apesar de ser, na maioria das vezes);
- Começo da sessão – primeira cena, ou ação que dá início a narrativa;
- Marcação de cenas – em que momento uma cena começa e outra termina;
- Ações – acontecimentos que determinam o início e o fim de cenas e intenções;
- Recursos – o que será usado para dar sensações e sentimentos aos ouvintes, tais como música, sons, cheiros, luz.
Existem outras formas de roteirizar as histórias e cada contador tem seu próprio método. O certo é que na contação de história não tradicional, a preparação de cada sessão é importante para causar os efeitos que queremos nos ouvintes. E decorar o texto, em todos os casos, ou pelo menos um roteiro das ações que acontecem em cada história, é de muita importância.
Ao final da aula, mais informações para a criação do plano de uma contação de história. Os detalhes, tais como texto, formato e como enviar para sua avaliação final estarão na “rota de aprendizagem” .(os exercícios, plano de aula e vídeos são exclusivos para alunos do curso.)
O Artigo acima faz parte integral do “Curso de Contação de Histórias” da Cia ArtePalco. Não pode ser reproduzido, copiado, ou utilizado sem prévia autorização.
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