Das Histórias para Crianças

crianças lendo

Na literatura há diversas divisões e subdivisões. Cada qual com suas características de construção seja por estilo, época, extensão e, mais contemporaneamente, por grupo sócio comportamental. Especificamente sobre a literatura infantil, já lemos muitas matérias, artigos, estudos abordando fábulas, contos folclóricos, contos de fadas e maravilhosos e lendas.

Ora, são divisões que ao longo de décadas foram moldadas para interferir no comportamento e formação intelectual e emocional das crianças. Muitas histórias não eram sequer recomendadas às crianças, mas eram ouvidas por elas, causando reações, ora cômicas, ora de medo. Já ouvimos falar que os contos de fadas europeus não eram tão “amenos” como são contados hoje em dia, ou que algumas fábulas traduziam personagens verídicos de pequenos vilarejos, com os personagens convenientemente transformados em animais, por motivos de anonimato, ou mesmo de escárnio.

Se pensarmos mais um pouco sobre isso, descobriremos que outros fatores também irão influenciar as atitudes, ações e sentimentos das nossas crianças… Os telejornais, por exemplo, em que assistimos os mais variados assuntos, sem percebermos que as crianças estão a ouvir também. Notícias em que a maldade humana é mostrada e narrada sem pudores pelos jornalistas a qualquer hora do dia, ou que, sem darmos conta disso, à noite, partilhamos esses fatos tristes em nossas conversas e discussões à mesa, durante o jantar. É claro que os fatos do dia a dia são mais do que histórias, são realidades que elas deverão aprender a conviver e superar, e não podemos esconder tais fatos delas, com o risco de aliená-las da sociedade. Porém, cada coisa deve ser apresentada a elas com cuidado, atenção e com acompanhamento.

Por isso, quando um contador de histórias vai escolher um conto para narrar, tem, além do repertório tradicional, amplamente divulgado e já conhecido, uma infinidade de releituras de novos autores, além da sua própria a disposição. A sua abordagem pessoal, que leva em conta sua formação cultural e social, define seu estilo de oralidade, único e dificilmente alguém conseguirá contar como outro contador sem virar uma “caricatura”. Temos aí a contação de história como um bem imaterial da humanidade na essência da oralidade.

Vemos o quanto é difícil o controle sobre a informação e conteúdo que estão sujeitas nossas crianças, pois nem sempre estamos presentes para supervisionar. Quero, antes de tudo, apenas alertar que “tudo” o que elas ouvem e veem influenciarão no seu desenvolvimento cognitivo. Cuidar para que as mensagens cheguem no tempo certo, ajudá-las-ão a encontrar um equilíbrio comportamental e a aproveitar cada fase de crescimento e desenvolvimento infantil. Teremos contribuído para a formação de adultos mais centrados, emocionalmente fortes e equilibrados, seguros e espiritualizados.


O Artigo acima faz parte integral do “Curso de Contação de Histórias” da Cia ArtePalco. Não pode ser reproduzido, copiado, ou utilizado sem prévia autorização.

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