Quando contamos histórias e chegamos a cenas engraçadas, inusitadas, que causam medo, ou estranheza, muitas crianças reagem de formas das mais variadas: interpelam, escondemos olhos, gritam se escondem atrás de outras crianças, gritam, batem palmas…
Ora, essas reações são esperadas e desejadas na contação de histórias. São interações sadias e resultam de uma integração e mergulho no enredo do narrador. Não queremos que os ouvintes permaneçam apáticos enquanto nos desdobramos entre a oralidade e gestual, suando verbos e versos que não surtem efeitos, a não ser sonolência (claro, se não for história de ninar).
Em outras situações, todavia, há momentos em que uma, ou mais crianças, interferem na história sem nenhum ponto de contado com o tema, cena, ou proposta, interrompendo o fluxo normal da narrativa e mesmo tirando toda a concentração do contador e das crianças.
Isso se dá por diversos motivos, entre eles:
- Falta de hábito;
- Estresse – físico, emocional, psicológico;
- Cansaço e fadiga;
- Excesso de estímulos;
- Necessidades involuntárias – fome, sede, ir ao banheiro;
- Faixas etárias muito amplas na mesma sessão.
Para cada um desses motivos, crianças diferentes reagem de formas diferentes. E também teremos outras interferências que chegam de fora, que desvia a atenção das crianças e do narrador, que surge fora do espaço cênico. Essas interferências estão ligadas ao tipo de espaço físico, épocas e condições ambientais e meteorológicas, tais como:
- Sinal de aviso entre aulas;
- Barulhos fortes, como acidentes de carro ao lado do prédio;
- Chuvas fortes, excesso de calor, ventania;
- Acidentes físicos entre funcionários e crianças fora da sessão;
- Reforma do espaço – furadeiras, marretas e outros usos de ferramentas;
- Atividades concorrentes no mesmo espaço, ou ao entorno;
- Avisos e recados para a plateia por pessoas que não fazem parte da apresentação.
Logicamente, o narrador deseja que o mínimo de interferência aconteça no meio da sua história, o que é uma preocupação constante em ambientes que ele não controla nem conhece. O apoio da equipe responsável pelo espaço, ou pelo evento se torna essencial, mesmo que algumas interferências não estejam ao alcance da equipe resolver, elas podem causar uma menor “distração” com um pouco de organização e previsão.
Outros pontos de interferência na história não raras vezes advêm dela mesma. A falta de concentração, colaboração e atenção das crianças podem ser estimuladas por processos relacionados à apresentação da história: organização, execução, atuação, escolha do texto.
Essa falha de projeto de uma contação é de responsabilidade do narrador. As principais são:
- Escolha de histórias para faixa etária diferente da recomendada àquela plateia;
- Recursos equivocados, que não dialogam com a história e as crianças;
- Falta de treino e ensaio;
- Inexperiência do narrador;
- Desorganização do espaço cênico;
- Falta de domínio de recursos escolhidos.
Assim, teremos três focos de interferências que são:
- Interferências de Execução, ou projeto;
- Interferências Internas;
- Interferências Externas.
Cada uma das interferências acima será estudada nos artigos seguintes, com propostas de exercícios, que serão adicionados no plano de contação de história que estamos construindo.
Ao final da aula, mais informações para a criação do plano de uma contação de história. Os detalhes, tais como texto, formato e como enviar para sua avaliação final estarão na “rota de aprendizagem” .(os exercícios, plano de aula e vídeos são exclusivos para alunos do curso.)
O Artigo acima faz parte integral do “Curso de Contação de Histórias” da Cia ArtePalco. Não pode ser reproduzido, copiado, ou utilizado sem prévia autorização.
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