A cotação de história é contada oralmente, sustentada no desempenho pessoal do contador, nas qualidades empregadas à palavra (rimas, inflexão, projeção, etc.) e na expressão primária do agente contador.
Entende-se por “expressão primária” as intenções projetadas nas linhas de expressão facial: a testa, sobrancelha, boca. Além disso, as mãos acompanham as expressões faciais de forma natural, não estilizadas, fluente.
Boa parte das histórias que são contadas nesse caso possui alguma ligação com a história pessoal de quem conta . Mesmo que as histórias sejam “inventadas”, ou causos regionais conhecidos, o agente contador de histórias sempre “contextualiza” e “ambienta” aquela história para a sua realidade, dando “nomes” e “descrições” reais, inclusive, datando as situações contadas na história, o que, na maioria das vezes, é apenas uma forma de “emprestar” veracidade ao que se conta.
Por ser esta uma forma de contar história centrada nos próprios indivíduos e sua oralidade de “causos”, lendas e histórias regionais, existem tantas formas de se contar quanto existem contadores. A naturalidade e a realidade são os pontos principais.
Características principais
- Regionalismo;
- Apropriação de acontecimentos;
- Crenças e superstições;
- Castigo, prêmio, conquista e renúncia;
- Deveres, desejos, motivações;
- Atitudes e capacidades (ou não) de realização;
- Imaginário popular, sobrenatural e o inexplicável;
- Moral, comportamento social;
- Tempo, riqueza, pobreza, morte, nascimento;
- Situações inusitadas.
A narrativa do orador regional quase sempre se baseia em uma das características acima, seja tendo como “mote” a morte, ou um amor não correspondido, ou mesmo uma transgressão de lei, ou convenções sociais estabelecidas. Nessas narrativas, ou o contador foi observador, ator ativo, ou “ouviu dizer” de alguém que estava lá, ou conhece quem participou da história.
Não raras vezes se aproveita de um “gatilho”, ou “deixa” para exemplificar uma situação similar, ou que dá sentido, ou explica outro acontecimento que os ouvintes estão vivenciando no presente, ou mesmo discutindo. Aproveita para capturar a atenção e conduzir a platéia pela narrativa e assim “causar”:
- Convencimento
- Espanto
- Riso
- Dúvida
- Aversão
- Entendimento
Uma dos objetivos do narrador, não necessariamente da narrativa em si, é conseguir surtir no ouvinte a empatia pelo riso. A “levada” da história é construída para um desfecho engraçado, inesperado. O contador assume, ou amplifica a regionalidade oral, vocabulários, expressões e até gestual para fazer com que a história contada pareça, não somente verossímil, mas vestida de uma certa graça. Porém, ainda no limiar da realidade, entre uma personalidade verdadeira e uma persona dramaticamente construída.
Abaixo, um vídeo de um dos mais conhecidos contadores de causos brasileiros, Rolando Boldrin, que por mutos anos conta suas histórias em eventos, rádio e programas de televisão:
Rolando Boldrin – Sr. Brasil – TV Cultura
O Artigo acima faz parte integral do “Curso de Contação de Histórias” da Cia ArtePalco. Não pode ser reproduzido, copiado, ou utilizado sem prévia autorização.
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