A Contação de História José Robson (Binho)
Sejam bem vindos, eu sou o Binho, apelido carinhoso que carrego desde a infância, ou José Robson. Tenho desenvolvido meu próprio método de espetáculos de contação de história desde que comecei a atuar no teatro. A partir de 1987, quando cursava o magistério, construí minhas próprias histórias e uso técnicas teatrais para encená-las.
Ponto de Partida para contar história
Em 1995 apresentei meu método para cerca de 300 pessoas, vindas de várias regiões brasileiras, no Teatro Municipal de Mogi das Cruzes – SP, uma das primeiras aulas performáticas realizadas no Brasil sobre o tema. Desde então, nunca deixei de atuar e me aperfeiçoar na arte da tradição oral dramatizada.
Nesse artigo procuro desvendar as práticas narrativas, seja apresentando meu próprio método, seja revelando as técnicas mais usadas pelos contadores profissionais, ou regionais.
Dicas Práticas para se Tornar um Bom Contador
Eu comecei a contar história aos poucos, mas de maneira simples, direta e com afetividade. Se quiser testar parte do meu caminho, siga estes passos que elaborei especialmente para quem está começando:
1- Escolha a história que mais faz sentido para você e seu público
Eu escolheria uma história curta (4–8 minutos), com personagens bem definidos e uma ação clara. Para crianças pequenas, prefiro repetição e rimas. Evite tramas com muitos personagens quanto menores forem as crianças e, lógico, para suas primeiras experiências. Depois que já estiver familiarizado com o processo, aumente o tempo das histórias e apresentações, conforme o público e tipo de evento.
2- Prepare a abertura: o gancho
Nos primeiros 20–30 segundos já busco prender a atenção. Eu faço uma pergunta breve ou mostro um objeto curioso, ou uma dinâmica que suscite uma resposta física, ou oral. “Quem aqui já ouviu falar de um pé que fala?” — pronto, já ganhou atenção.
3- Aqueça a voz e o corpo para melhorar a dicção, entonação e expressão corporal
Respirar é fundamental. Eu faço dois exercícios rápidos: respiração profunda e um “hum” para soltar a voz. Em seguida altero o timbre para cada personagem — isso ajuda quem escuta a mapear quem fala. Juntamente, eu danço, escutando uma música, seja em fone, ou mesmo a canto mentalmente.
4- Crie personagens com pequenos truques
Um sotaque leve, um gesto repetido ou um objeto (um lenço, um chapéu) transforma um personagem. Você não precisa de cenário, claro que ajuda, mas se investir no movimento e entonação, bastam para prender a atenção.
5- Mantenha o ritmo — e use pausas durante a contação de histórias
Pausas geram expectativa. Eu faço uma pausa antes da parte engraçada e uma pausa curta antes do final, para fixar a moral da história.
6- Envolva a plateia
Faço perguntas simples e convido as crianças a repetir sons ou gestos. “Agora todos batem palmas quando a coruja aparece” — assim eu garanto participação e atenção ao longo da “histórias contadas”.
7- Final com sentido
Na maioria das vezes eu finalizo com uma frase curta que resume o aprendizado para os menores. Pode ser uma pergunta para casa: “O que você faria diferente amanhã?” — isso estende a experiência além da narrativa.
O que evitar durante a performance:
Ler a história como se fosse um roteiro: conte, viva.
Falar baixo demais, ou alto demais.
Usar muitos personagens sem planejar suas entradas, saídas e motivos claros para que existam fisicamente na história. Alguns podem ser citados sem serem mostrados.
Dica prática: grave um trecho de 1 minuto no seu celular e ouça. Você vai perceber onde acelerar, onde pausar e quais vozes precisam ser mais distintas.
Recursos que uso quando me apresento
- Fantoche – melhora a interação com a plateia
- Um instrumento Musical – dá ritmo a cenas importantes, ou de transição
- Algum elemento visual que ajuda na narração da história – mantém a curiosidade e atenção
- Um cenário, mesmo que pequeno – ambienta e define o que é plateia e o que é espaço cênico
Desvendando a Contação de História
A Contação de História é o caminho que construí até o coração das crianças e adultos, afim de revelar um mundo de experiências e sensações. Através das narrativas, mitos, genealogias e canções, as comunidades transmitiam seus valores, leis e a própria identidade coletiva de uma geração a outra.
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O que hoje chamamos de “Contação de História, é a prática que, não apenas preservava o passado, mas também fortalece laços sociais e a coesão do pertencimento a um grupo social, conta Binho, funcionando como o principal veículo de educação e cultura anterior a escrita, e hoje se configurando como um bem imaterial do ser humano.
O significado de “Contação de História”
O termo “Contação de História” é uma expressão relativamente recente, livremente traduzida e adaptada de países de língua castelhana “cuentacuentos que pode significar tanto o ato de se narrar histórias, quanto o próprio contador.
Já na língua inglesa, tal qual os termos já citados, usa-se o termo “Storytelling“ de forma similar ao que usamos aqui na língua portuguesa do Brasil, mas não somente. O termo sugere o ato, ou capacidade de se narrar um fato, ou história.
Essa narrativa pode ser de improviso, ou panejado, usando diversos tipos de recursos, ou apenas a oralidade, para diversos públicos e aplicações, inclusive marketing. Seja em escolas, espaços culturais ou familiares, a narração tem sido uma forma de resgate de histórias tradicionais e populares, tanto regionais, quanto universais.
A Contação no Brasil
No Brasil, por exemplo, usamos o termo “Contação de Histórias” muitas vezes substituindo “Narração”, principalmente em eventos públicos não escolares.
Assim, quando o educador conta história na escola, ou denomina “narração”, ou “contação”, de acordo com a sua maior, ou menor vivência, ou propósito. Contando de forma performática com elementos cênicos: contação.
Introduzir narração de contos na educação infantil, portanto, depende mais dos recursos utilizados do que a performance do educador. Já os shows e espetáculos, com produção e apresentação performática de um artista popular, ou ator convencionou-se chamar de “Contação de História“.
Nesse caso, pode ser ter objetivos educacional, comercial, ou profissional, usando ferramentas como objetos, musicas e fantoches, ou simplesmente da oralidade com um roteiro teatralizado.
Contação não é teatro convencional
Já as apresentação que optam por apresentar as tramas literalmente fiéis ao original, buscam um espetáculo com grandes produções, usando recursos técnicos e de produção com grande investimento.
Desta forma, a sonoplastia ao vivo (orquestra, músicos ao vivo), a grande cenografia, os figurinos elaborados, a iluminação rica em recursos pedem um grande espaço cênico.
Coxias, rotundas, cortinas, e demais equipamentos. Isso tudo nos oferece um espetáculo grandioso, que não se realiza em qualquer espaço.
Assim, as cias compensam o prévio conhecimento de cada parte da história com o impacto cênico causado. Esses espetáculos possuem, na sua grande maioria, muitos profissionais envolvidos.
São destinados a espaços maiores e com mais recursos, tais como Teatro, centros culturais e de convenções. Não pode ser considerado contação de histórias.
Atividade de contação de história na escola
Sempre pensamos em como auxiliar o professor na sala de aula, criamos uma série de propostas e atividades para os educadores realizarem na escola chamada “Brincadeiras com Histórias“.
São histórias com brincadeiras tradicionais e dicas de narração, ou construção de roteiros de teatro com fantoches.
As atividades direcionam o professor para o trabalho na sala com as crianças, mas também propõem técnicas de contação de histórias para que, então, o educador crie seu repertório de narração com as crianças. Espero que sejam muito útil para todos!
- A Escolha do Texto
- A Importância da Contação de História na Educação Infantil
- As Técnicas de Contação de Histórias
- Banco de Histórias
- Brincadeiras com Histórias
- Contação com Fantoches
- Contação com objetos
- Contação de História para Bebês
- Contação de Histórias
- Dia Nacional do Brincar
- Disposição do Espaço
- Educação Ambiental e Contação de Histórias
- Fechando as histórias
- historias
- Histórias para Contação de HIstórias
- Histórias para Crianças
- Interferências
- Introdução de histórias
- Leis de Incentivo
- Livros Autorais
- Mediação de Leitura
- Narração de História Inclusiva
- Palestras para Professores
- Planos de Aula com contação de história
- Podcast
- Proposta de atividade de contação de histórias
- Repertório
- Temas para Contação de Histórias
- Transtorno do Espectro Autista
- Treinamento para Educadores
Os Espetáculos da Cia ArtePalco
Os espetáculos de contação de histórias que realizamos são, na maioria, autorais, assim, o público ganha um evento inédito e inesperado. Isso ajuda a manter a atenção e curiosidade até o fim da história, haja vista que os acontecimentos e final nem sempre são previsíveis.
Essa é uma escolha que adotamos, diferentemente das sessões de histórias e contos já bem conhecidos.
Na verdade, ao se contar um enredo já conhecido, o artista quase sempre faz uma “releitura” daquela obra. Este também é o caminho que tomamos também quando optamos por contos clássicos, ou já sabidos pelo público. A depender de cada história, usamos alguns recursos.
Ora fantoches, ora objetos, ou algum instrumento musical, sempre com elemento da contação afim de enriquecer a atuação do ator que narra a história de forma performática, além de trazer a criança para dentro das cenas dramatizadas. Assim, as crianças são parte do processo narrativo.
Dúvidas sobre Contação de Histórias
Tire suas dúvidas sobre a arte de contar e ouvir histórias para crianças
O que é Contação de História?
A Contação + História é uma expressão artística que combina narração oral, performance teatral e recursos cênicos para criar momentos únicos e afetivos com as crianças. Diferente da simples leitura, a contação utiliza técnicas dramáticas, fantoches, objetos e música para dar vida às histórias de forma envolvente e interativa.
Contação e Fantoche: Semelhanças e Diferenças?
Na Contação de Histórias, os fantoches são cúmplices e recursos complementares, não atores fixos. Eles aparecem e somem conforme a necessidade da narrativa. Já no Teatro de Fantoches tradicional, os bonecos são os protagonistas principais da apresentação, com cenários elaborados e estrutura teatral mais rígida.
Como escolher uma história adequada para contar?
Escolha histórias que que tenham apelo ao seu público, a temática pretendida e, principalmente que sejam afetivas a você e ao público- aquelas que vêm da tradição oral, do folclore, ou que despertem emoções genuínas.
Considere a faixa etária do público, temas relevantes para as crianças e histórias que permitam interação. O importante é que a história toque o coração do contador primeiro, pois essa emoção será transmitida para o público
Quais recursos posso usar na Contação de História?
Você pode usar diversos recursos: fantoches feitos com materiais simples (papelão, retalhos, meias), objetos do cotidiano, instrumentos musicais (flauta, pandeiro, chocalho), mudanças de voz, expressões corporais, e até mesmo o silêncio estratégico. O importante é que cada recurso tenha um propósito na narrativa.
Como adaptar histórias para crianças com necessidades especiais?
Use repetição proposital de ações e falas, cenas cumulativas e circulares, mudanças de planos espaciais (perto, longe, alto, baixo), metalinguagem e onomatopeias. Para crianças com TEA e TDAH, mantenha estrutura previsível. Já para deficiência auditiva, use recursos visuais intensos. Para deficiência visual, explore sons, texturas e descrições detalhadas.
Os benefícios das narrativas orais na formação das crianças
A Contação de Histórias desenvolve a imaginação, empatia, escuta ativa e habilidades de comunicação, segundo citam diversos autores. Ajuda as crianças a elaborarem emoções complexas, conecta-as com suas raízes culturais, estimula o gosto pela leitura e fortalece vínculos afetivos. É uma ferramenta pedagógica poderosa que transforma o aprendizado em experiência prazerosa. A Onu possui um vasto material sobre leitura e escrita para auxiliar o educador.
Como criar fantoches com materiais recicláveis?
Use materiais como garrafas PET, caixas de papelão, meias velhas, colheres de pau, retalhos de tecido e botões. O importante não é o material sofisticado, mas a criatividade e o carinho na confecção. Cada fantoche deve ter personalidade própria e ser funcional para a história que será contada.
Quais são os cinco passos básicos para contar uma história?
1) Escolha uma história que que faça parte do seu “eu” social, emocional e cultural, mas que dialogue com o público afetiva e com a realidade delas;
2) Adapte a narrativa ao seu estilo e público, para isso, estude técnicas e ferramentas e o perfil do seu público;
3) Prepare os recursos necessários com antecedência e experimente várias vezes cada um antes de usar na apresentação (fantoches, objetos, música);
4) Ensaie, use um roteiro estruturado, decore as falas, mas mantenha espaço para improviso;
5) Conte de perto, olhe para as crianças individualmente, olho no olho, criando conexão direta com as crianças e incluindo-as na narrativa.
Como incluir educação ambiental nas atividades literárias escritas e orais?
Crie histórias com personagens da natureza. Use materiais recicláveis na confecção de fantoches, para então, abordar temas como cuidado com animais e preservação ambiental.
Exemplo: histórias sobre posse responsável de pets usando fantoches feitos com garrafas PET, conectando reciclagem com responsabilidade social.
Como manter a atenção das crianças durante a apresentação?
Use mudanças de ritmo, tons de voz variados, pausas estratégicas, interação direta com o público, recursos visuais e sonoros. Faça perguntas, permita que as crianças participem da história, use o olhar direto e movimente-se pelo espaço.
Mantenha a história dinâmica e adequada ao tempo de atenção da faixa etária.
Chame a Cia para seus educadores
Para ter mais ferramentas e experiências, todavia, o ideal seria procurar um curso presencial. Participar de vivências presenciais é enriquecedor e formativo, não só o conhecimento teórico, mas também a prática dos exercícios das técnicas de contação e narração de histórias.
Tanto o Binho, quando a Dani Oliveira participam nas reuniões pedagógicas de diversas escolas afim de dar suporte técnico ao corpo docente. Caso queira implantar um projeto de narração de história na sua unidade, é só entrar em contato…
Nossa Cia e sua trajetória
Desde 1995 o diretor, José Robson, vem estudando e atuando nessa área da “performance narrativa”, e assim, ajudando centenas de educadores no desenvolvimento de habilidades da narração de histórias.
Também, sua trupe já se apresentou para mais de 400mil crianças, adultos e adolescentes. Abaixo, um panorama do que é essa arte de narrar histórias, da abrangência da Cia e muitas dicas de como apresentar histórias de forma lúdica para crianças.
PALAVRA DO FUNDADOR DA CIA ARTEPALCO
A arte de contar histórias vai muito além de entreter — é um ato de memória, afeto e cultura.
Na Cia Artepalco, transformamos cada narrativa em uma experiência viva, onde o público aprende, se emociona e descobre novas formas de se conectar com o mundo através da narração oral teatralizada.
Regiões de Atendimento: Sudeste (SP, MG, RJ, ES), Sul (PR, SC e RS), Nordeste (Al, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE)