Eu não me lembro do primeiro brinquedo, nem da primeira história, nem mesmo da primeira cantiga. Mas me lembro da sensação de brincar com minha mãe: era como se o mundo todo coubesse naquele instante — um mundo que se movia entre risos, descobertas e personagens encantados. Era ali, naquele instante mágico, que nascia o contador de histórias que hoje habita em mim.
Por isso, quando finalmente foi instituído o Dia Nacional do Brincar no Brasil, me emocionei. Porque brincar é mais do que atividade infantil — brincar é linguagem da alma. É onde a alegria se encontra com o aprendizado, onde a escuta se mistura com o sonho, e onde a criança se reconhece como autora de seu próprio enredo.
Embora esta data seja oficialmente nova por aqui, o mundo inteiro já a celebra como o Dia Mundial do Brincar — uma festa de liberdade e imaginação que há tempos ultrapassa fronteiras. E neste ano de 2025, tive a alegria de contribuir com essa comemoração de um jeito que só quem vive de histórias pode entender.
Um Convite Brincante
Com alegria, ao lado da Fundação Abrinq e da Cruz Vermelha de SP, realizei mais de 30 ações em escolas e instituições da cidade de São Paulo neste ano, levando contos, risos e pausas encantadas — aquela pausa de olhos brilhando, que só acontece quando uma história pega a gente pelo coração.
Em cada encontro, eu procurei levar mais do que palavras. Levei um convite: vamos brincar com a escuta? Vamos imaginar juntos? Vamos acreditar e se encantar?
Em uma das rodas, contei “O Segredo da Felicidade” — e ali, naquele momento, fomos todos caminhantes em busca de um tesouro invisível. Crianças, educadores, voluntários… todos curiosos para descobrir se a tal felicidade mora mesmo dentro da gente, ou se ela se esconde em algum lugar misterioso da infância. Será que cada bichinho vai revelar? Que cada caixa guarda o segredo?
Noutra escola, abrimos o “Saco de Bichos” — que não é um saco comum, não se engane. É um saco encantado, que guarda criaturas birrentas, ranzinzas, saltitantes e muito engraçadas, cada uma revelando um pedacinho das emoções que a gente sente, mas nem sempre sabe nomear. E assim, entre risadas e espantos, conversamos sobre sentimentos e aprendemos a brincar com eles também.
Essas histórias estão no meu site, www.contadoresdehistorias.com.br, mas, mais do que isso, elas estão nas mãos de quem quiser escutá-las. Educadores, ONGs, famílias… qualquer pessoa que deseje celebrar esse dia com beleza, afeto e presença.
A Arte de Brincar com as Palavras
A arte que trago — feita de voz, gesto e escuta, cunhada na infância, entre livros e brincadeiras — tem sido minha forma de brincar com o mundo. E nesse novo dia para celebrar a infância, o Dia Nacional do Brincar, quero lembrar que brincar é também contar histórias, desenhar no ar, construir castelos com palavras e travesseiros, transformar um lençol em túnel do tempo, e rir até do que não se entende.
Brincar é coisa de criança, sim. Mas também é coisa de quem nunca esqueceu como é ser uma.
E enquanto houver um espaço livre, um tempinho depois da merenda, uma alma aberta para a fantasia… estarei por aí, contando histórias que brincam com o coração de quem ouve.
Feliz Dia do Brincar!